segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MUSEU DE RECICLÁVEIS



Mais de 1,5 mil livros, peças e materiais de todos os tipos, como esses rádios antigos, recolhidos pelas equipes de coleta seletiva da Prefeitura de Curi­tiba, formam o acervo da biblioteca e do museu que funcionam na Uni­dade de Valori­zação de Reci­cláveis, em Campo Magro. O local é visitado por cerca de 1.500 pessoas por mês, principalmente por técnicos, gestores, estudantes e outros visitantes que querem acompanhar parte do processo de separação do lixo e aproveitam para conhecer o acervo do museu.

Clique aqui para ver um vídeo sobre a Unidade de Valorização de Recicláveis

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CCEMP QUER DISCUTIR NOVOS MUSEUS DO RIO

O CCEMP solicitou ao Fórum de Cultura e Comunicação da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, a abertura de um espaço para debates sobre os projetos dos novos museu em instalação no Rio. Esses museus, como parte do investimento cultural que a cidade vem fazendo, estão sendo implantados sem que haja uma participação dos profissionais e estudiosos da área da cultura, do patrimônio, da museologia. Apesar de alguns deles estarem sendo implantados por corporações, existe um forte investimento de dinheiro público nesses projetos. Não existe transparência nesses casos.

O caso do Museu da Imagem e do Som, pertencente ao Estado do RJ, é um bom exemplo. Ele está baseado em uma concepção totalmente voltada para o turismo, projeto onde os estereótipos são a tônica de um discurso contestável, baseado no que é "ser carioca". No seu subsolo, será instalada uma boate com capacidade para 60 pessoas. Será que essa boate foi a maneira encontrada de "preservar" a memória da edificação anterior, um conhecido reduto de prostituição e tráfico de drogas?
Ah, teremos também um terraço panorâmico que será alugado para festas, formaturas, casamentos, etc... Qual a classe de pessoas que vai poder pagar por um espaço desses, à beira do mar de Copacabana?

Em notícia publicada hoje, a página do MIS informa que "o projeto de curadoria do MIS ficou a cargo do jornalista Hugo Sukman, que conta com o auxílio da diretora de cinema Daniela Thomas, para dividir o espaço em três grandes áreas: “Galerias de Exposição”, “Centro de Documentação” e a chamada “Fábrica de Memória”."


Diz ainda que "a implantação do Novo MIS, uma parceria da secretaria de Estado de Cultura com a Fundação Roberto Marinho, está orçada em R$ 70 milhões. Desta quantia, o Governo destinou R$ 18 milhões para a desapropriação do terreno, desocupado no último dia 9 de janeiro. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2012. O projeto arquitetônico leva a assinatura dos arquitetos norte-americanos Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, vencedores de um concurso internacional realizado em agosto de 2009, cuja execução terá o apoio do escritório brasileiro do arquiteto Luiz Eduardo Índio da Costa."  A Fundação Roberto Marinho também é responsável pelo Museu do Amanhã, cujo orçamento não se sabe ao certo, e o Índio da Costa já foi sub prefeito da Barra da Tijuca e vice na chapa do Serra, lembram?

E a Reserva Técnica do Museu? Vai ficar aonde? Em algum lugar que ainda não se sabe, mas provavelmente na área do Porto, segundo relatou Rosa Maria Araujo, Presidente da Fundação Museu da Imagem e do Som,  na cerimônia de inauguração do curso de doutorado em Museologia e Patrimônio da UNIRIO/Museu de Astronomia. Segundo ela, não há necessidade da Reserva ficar no Museu, qualquer coisa manda-se buscar o documento ou obra na Reserva, a alguns quilômetros de distância...

Aliás, para que Reserva, não é mesmo? Com todos esses questionamentos no ar, o silêncio sobre o assunto é de uma solidez e dimensões incompreensíveis.

COMIDA DE GRIFE RENOVA [?] PUBLICO DE MUSEUS

A Reportagem abaixo, publicada no Estadão, mostra como os Museus investem cada vez mais em cafés e bistrôs como um atrativo e fonte de renda. O que é uma idéia bacana e uma tendência mundial. Entretanto, o que não está posto (silêncio!) é o fato  desses serviços serem excludentes, discriminátorios mesmo, pelos altos preços cobrados, preços que estão de acordo com o status de grife a eles atribuídos.
Que público "renovado" é esse então de que fala a reportagem? Certamente não o é das classes de menor poder aquisitivo, da população em geral. É o do executivo "moderninho" [sic] que ganha bem e pode pagar R$ 8,20 por uma água e um cafezinho. Depois, quem sabe, ele pode pagar R$ 30 para ver uma exposição internacional que foi custeada com os impostos pagos pela população como um todo. Os museus-espetáculo, com seus cafés de grife, tornam-se equipamentos cada vez mais restritivos e não includentes. Sua museografia feérica contribui para intimidar o indivíduo economicamente modesto. Aliás, alguns museus já são em si uma grife... Nada contra, se outros museus e espaços de memória que se pretendem inclusivos e disseminadores de uma cidadania cultural pudessem perceber ao menos uma ínfima parte dos recursos que são destinados aos "museuzãos", aos "institutos" de bancos e empresas de grande porte.


Reportagem de Valéria França no Estadão de 19/1

E o filão só aumenta. Até o fim do mês, por exemplo, o MIS vai ganhar o Chez Burger

No lugar da quiche descongelada no micro-ondas, bufês generosos - ou jantar à la carte, com carta de vinhos e champanhe.Tudo em um sofisticado salão de um prédio histórico. Restaurantes conhecidos, com chefs badalados, estão migrando para MUSEUS, teatros e galerias de arte de São Paulo.
O Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, zona oeste, por exemplo, tem o Santinho, da chef Morena Leite; a Galeria Vermelho, o Sal Gastronomia, comandado pelo badalado chef André Fogaça, ex-D.O.M; e o TEATRO Municipal, o Café,com curadoria gastronômica de Sandra Valéria Silva, do Bistrô da Sara, no Bom Retiro.
Até o fim do mês, o Chez Burger, do grupo franco-brasileiro Clastra - dono do Bar Secreto e do Lorena 1989, entre outros negócios - , abre no MUSEU da Imagem e do Som de São Paulo (MIS). No comando, os chefs Victor Vasconcelos e Adriana Cymes, autora da receita do hambúrguer do Bar Secreto, que fez tanto sucesso entre os moderninhos da cidade que deu origem à nova casa. "As instituições culturais paulistanas estão se equiparando aos maiores MUSEUS do mundo. Ter um restaurante de porte faz parte de uma infraestrutura necessária", diz o antropólogo Carlos Alberto Dória, autor de livros e de um blog de gastronomia.
Para o visitante, o restaurante completa o PROGRAMA. Para os MUSEUS e centros culturais, ajuda na divulgação do lugar. "De cada dez clientes que entram para almoçar, oito não vieram para a exposição",diz Adolfo Gorenstein, de 57 anos, sócio do Uni, restaurante do MUSEU de Arte de São Paulo, um dos pioneiros do segmento, aberto há 26 anos. "Mas já vi muita gente que entrou lá pela primeira vez por causa do almoço e virou visitante assíduo das exposições."
Gorenstein ainda opera, em parceria com outros sócios, os restaurantes do Centro Cultural São Paulo, da Sala São Paulo e,há seis meses, do Café do TEATRO Municipal. Isabela Prata, dona da Escola São Paulo e colecionadora de obras de arte, não era exatamente o tipo de paulistana que costumava sair de casa para almoçar em um MUSEU. Mas começou a fazer isso desde que o Santinho e o Sal abriram. "A comida da Morena Leite é gostosa e rápida. Dá para ir durante a semana. E no restaurante do Sal, além da boa comida, tem o agradável jardim da Galeria Vermelho."
No centro, o Café do TEATRO Municipal, que abre todos os dias para almoço, atrai executivos e advogados da região. No início, tinha 34 lugares distribuídas em pequenas mesas espelhadas, que refletem os afrescos do teto. Havia filas de espera, e a alternativa foi transformar a varanda em extensão do café. "É muito comum ver alguém saindo do café e indo direto para a bilheteria", diz Beatriz Franco do Amaral, diretora do TEATRO Municipal. "Isso ajuda a rejuvenescer a plateia da casa."

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

IBRAM CRIA COMITÊ DE PESQUISA

Foi publicada no Diário Oficial da União do dia 29 de dezembro, Portaria que cria o Comitê de Pesquisa no âmbito do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC).
O Comitê de Pesquisa irá definir parâmetros institucionais e éticos para o desenvolvimento de pesquisas no Ibram, assim como subsidiar e assessorar as diretorias e a presidência do Instituto e propor ações que garantam maior visibilidade aos resultados das pesquisas realizadas.
Entre seus objetivos, também está apoiar e estimular parcerias entre o Ibram e instituições de pesquisa, ensino e inovação e fazer articulações para o fomento às pesquisas.
Os integrantes do Comitê serão todos indicados pela Direção do IBRAM. Os Museus terão direitos à 2 representantes, mas eles também serão indicados pela Direção - cada museu vai enviar dois nomes.
Fato estranho, a Coordenação de Pesquisa do próprio IBRAM ficou de fora...

Eurípedes Junior

EXÍLIO FORÇADO






Inaugurado em abril de 2008, o MUSEU Inimá de Paula está prestes a perder parte significativa de seu acervo. Nascido a partir do encontro de colecionadores que, desde 1998, vêm organizando e preservando a obra do artista mineiro (1918 - 1999) por meio da FUNDAÇÃO Inimá de Paula, o espaço cultural no Centro de Belo Horizonte abriga atualmente 120 quadros do pintor. O acervo foi criado a partir de empréstimos de colecionadores. O maior deles, o marchand carioca Maurício Pontual, por comodato, cedeu há quatro anos 73 quadros (63 óleos; o restante é formado por desenhos, aquarelas e guaches). Até o final deste mês ele vai retirar a maior parte de sua coleção, levando-a de volta para o Rio de Janeiro.
Dono de galeria que leva seu nome, com atuação há quatro décadas na capital fluminense, Pontual está tentando, há pelo menos dois, vender sua coleção. Conseguiu aprovar pela LEI ROUANET R$ 4,4 milhões, divididos em dois projetos, no valor de R$ 2,2 milhões cada, para compra de acervo. Desde 2009, procurou diferentes empresas do estado na tentativa de patrocínio. "Fiz um trabalho que o MUSEU não fez, pois não procuraram um captador." Nas empresas procuradas por Pontual, a resposta foi a mesma: "Todos canalizam seus recursos para projetos próprios." Nesse período, somente uma cota, de R$ 440 mil, foi comprada pelo Banco Itaú, para doação de algumas obras.
"Sei de vendas duas ou três vezes maiores do que essas. Houve uma de R$ 5 milhões por Guignard, R$ 6 milhões por Ismael Nery, R$ 10 milhões por Tarsila. Lanço a pergunta: "E o Inimá, o maior pintor de Belo Horizonte, não vale nada?"", questiona Pontual, que queria que sua coleção permanecesse no MUSEU. "Sou um homem de 81 anos, trabalho com arte e tenho paixão pelo MUSEU. Se há uma coisa que fiz na vida foi ajudar a fazer um MUSEU em Belo Horizonte. Antes da criação, o Mauro Tunes (mecenas que investiu R$ 4,5 milhões para a restauração da antiga sede do Clube Belo Horizonte; atualmente é vice-presidente da FUNDAÇÃO Inimá de Paula) me procurou dizendo que só iria restaurar o prédio se eu desse, por escrito, a garantia que deixaria minha coleção em comodato. Na época, havia obras de dois ou três colecionadores, não uma coleção como a minha. Só que um MUSEU não é um prédio, é o que tem ali dentro", acrescenta.
Diretora administrativa e financeira do MUSEU, Cláudia Tunes afirma que a FUNDAÇÃO Inimá de Paula não tem recursos para adquirir a coleção de Pontual. "A FUNDAÇÃO vive de doações. O que entra de recurso é para a sua sobrevivência. Quando ficamos sabendo que o Pontual queria voltar com as obras para o Rio, tentamos tirar o melhor disso. Corremos atrás de outros colecionadores que se dispuseram a colocar suas obras no MUSEU. A saída da coleção dele representa um grande desfalque, mas também será uma renovação, já que desde a inauguração estamos com as mesmas obras." Cláudia Tunes não sabe, por ora, quantas obras serão emprestadas ao MUSEU, que tem uma visitação média de 3 mil pessoas por mês. Depois da coleção Maurício Pontual, a segunda maior do MUSEU é a de Mauro Tunes, composta por cerca de duas dezenas de telas.

Atualmente o MUSEU, que tem três andares expositivos, apresenta, no mezanino, parte do acervo de Inimá de Paula. São quarenta telas - paisagens, naturezas mortas e flores -, além da sala de autorretratos, um dos destaque do projeto museográfico. No espaço com seis quadros, o que causa maior impacto é o autorretrato da década de 1950, um dos trabalhos mais conhecidos de Inimá. "Guignard fez alguns autorretratos, Pancetti e Portinari também. Mas coloco esse como o melhor momento em que um artista pintou a si próprio no Brasil", diz Pontual sobre a joia de seu conjunto. O marchand começou a colecionar Inimá em 1982. "Na época, vi os quadros dele das décadas de 1960 e 1970 e achei a pintura muito boa. Além disso, o preço, em relação à qualidade, era baixo."
O primeiro Inimá custou a Pontual, há 30 anos, US$ 5 mil. Nos anos subsequentes ele continuou comprando, e em meados da década de 1980 já era identificado como colecionador de Inimá. "As pessoas começaram a me trazer os quadros e tive a oportunidade de comprar o que ele tinha de melhor. Quando minha coleção tinha 50 e poucos quadros nasceu em BH a ideia de fazer um catálogo (que foi o ponto de partida da FUNDAÇÃO Inimá de Paula)." Hoje, ele diz que nos leilões só têm aparecido quadros secundários. "Não existe a possibilidade de fazer essa coleção de novo. A melhor época do Inimá é a dos anos 1960. E ela está no MUSEU. Tive a proposta de um colecionador que quis comprar 20, 25 quadros. Para mim seria atraente, colocaria R$ 1 milhão no bolso. Mas o valor do Inimá não é individual, mas da coleção. Então prefiro guardar os quadros para os meus filhos, não quero sair como um mascate", conclui.

Fonte: Mariana Peixoto –  Estado de Minas 4/1/2012

Seguidores

Visitantes