quinta-feira, 18 de março de 2010

Projeto Cultne

Com câmeras na mão há 30 anos, um brasileiro e uma inglesa lançam em março o projeto Cultne, o maior acervo digital de cultura negra do País.O brasileiro Filó Filho (Cor da Pele Produções) e a inglesa Vik Birkbeck (Enúgbarijo Comunicações, que significa “boca coletiva”, em iorubá) vivem com uma câmera na mão e há três décadas estão ligados à cultura negra brasileira. Com olhares diferentes sobre um mesmo foco, os dois estão digitalizando todo o seu acervo e colocando no site www.cultne.com.br. Serão cerca de mil horas de imagens, gravadas originalmente em VHS e disponíveis na Internet para visualização e download.

Em www.cultne.com.br, é possível ver depoimentos de personalidades como Pelé, Abdias do Nascimento, Gilberto Gil, Lélia Gonzales, Paulo Moura, Ruth de Souza, Zezé Motta e Grande Otelo, além da campanha feita para o centenário da Abolição em 1988. Há imagens de Nelson Mandela; Desmond Tutu; além dos bastidores da gravação do clipe de Michael Jackson, com o Olodum, na Bahia, em 1996, registrados por Vik; e do show de James Brown no Rio de Janeiro, em 1988, exibido no programa Radial Filó, apresentado por Filó Filho, na extinta TV Rio, na década de 80.

O lançamento oficial do site do acervo www.cultne.com.br está marcado para o dia 23 de março, com a projeção das imagens digitalizadas e palestra e debate alusivos à cultura negra no Cinema Odeon (Praça Mahatma Gandhi, 2 – Cinelândia). Nos dias 24, 25 e 26, o ciclo de palestras e debates continua no Cinema Nosso (Rua do Resende, 80 – Lapa), com entrada gratuita. Entre as presenças confirmadas estão, além de Vik e Filó, Antônio Pitanga, Zulu Araújo (presidente da Fundação Palmares), Carmen Luz (diretora do Centro Coreográfico) e Ras Adauto (cineasta brasileiro radicado em Berlim, que criou a Enúgbarijo Comunicações com Vik). No dia 27, o evento será encerrado com a festa Usafricarib, no Estrela da Lapa (Avenida Mem de Sá 69 – Lapa), com ingressos à venda no local. A íntegra da programação está disponível no site.
O projeto é uma realização do Celub (Centro de Cultura Urbana) e tem o patrocínio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro. Vale apenas participar.

Fátima Malaquias
Secretária do CEDINE

http://www.cultne.com.br/

Os perigos da história única


Chimamanda Adichie: O perigo da história única



O futuro das sementes

"É hora de colocar de novo os pés na terra. Quiseram nos separar dela por paredes, cimento, sapatos e sintéticos, mas fracassaram. Ainda temos que nos alimentar, ainda é a terra, a água, o sol e o ar que provêm nossos alimentos. A comida, nossa conexão com a realidade, agora tem que ser transformada. Não mais as colhemos do solo, as coletamos nos supermercados, sem folhas verdes, envoltas em um asséptico plástico." La Revolución de la Cuchara (Colômbia)

Leia o artigo:
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2010/03/466405.shtml

quarta-feira, 17 de março de 2010

Aprovação do Plano Nacional de Cultura

Prioridade da II CNC, Plano Nacional de Cultura é aprovado na Câmara dos Deputados.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCCJ), da Câmara dos Deputados, aprovou na tarde desta terça-feira, 16 de março, o Projeto de Lei nº 6.835/2006, que aprova o Plano Nacional de Cultura (PNC). O texto prevê diretrizes, objetivos e ações na área da Cultura para a União, os estados e os municípios, tornando a política cultural uma política de Estado. Essa é a primeira vez que o país consolida um planejamento de médio e longo prazo para esse setor. São dez anos, no total, com revisão a cada quatro. A aprovação é definitiva na Casa legislativa e a proposta vai, agora, para o Senado Federal.
Conheça as cinco diretrizes do Plano Nacional de Cultura:
1. Fortalecer a ação do estado no planejamento e na execução das políticas culturais, intensificar o planejamento de programas e ações voltadas ao campo cultural e consolidar a execução de políticas públicas para cultura;
2. Reconhecer e valorizar a diversidade e proteger e promover as artes e expressões culturais;
3. Universalizar o acesso dos brasileiros à arte e à cultura, qualificar ambientes e equipamentos culturais e permitir aos criadores o acesso às condições e meios de produção cultural;
4. Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico sustentável, promover as condições necessárias para a consolidação da economia da cultura e induzir estratégias de sustentabilidade nos processos culturais; e
5. Estimular a organização de instâncias consultivas, construir mecanismos de participação da sociedade civil e ampliar o diálogo com os agentes culturais e criadores.

A aprovação do Plano Nacional de Cultura foi um das 32 prioridades da II Conferência Nacional de Cultura (II CNC), finalizada no domingo, 14 de março, em Brasília. Desde suas etapas preparatórias, o evento reuniu mais de 220 mil representantes de todo o país para elaborarem estratégias para a política cultural brasileira.
O texto do relator, deputado Emiliano José (PT-BA), passou em votação unânime da CCJC. Agora, depois do prazo regimental de cinco dias para recurso, segue para tramitação no Senado Federal, sem passar pelo plenário da Câmara dos Deputados. Se aprovado nas Comissões de Educação e Cultura e de Constituição, Justiça e Cidadania, segue direto para a sanção presidencial.
Logo após o final da sessão, o deputado Emiliano José declarou que esse é um ganho para os produtores, para os criadores, mas principalmente para o povo brasileiro. “Aqui, fazemos a política cultural ganhar corpo e financiamento efetivos”, disse.

Desdobramentos
Depois que o PNC entrar em vigor, estados e municípios poderão aderir ao Plano, comprometendo-se, assim, a elaborar seus planos locais. Para isso, contarão com apoio técnico e financeiro do Ministério da Cultura.
“Com isso, iniciaremos uma nova etapa na política cultural brasileira, que é a responsabilização de todos os entes federativos e a participação concreta da sociedade. Outras políticas, como saúde e mais recentemente a assistência social, têm nos mostrado que, só quando ações e metas são compartilhadas, temos bons resultados”, afirma o coordenador-geral de Acompanhamento da Política Cultural do MinC, Maurício Dantas.
Um próximo passo será a criação do Sistema Nacional de Cultura (SNC), que estabelecerá mecanismos de gestão compartilhada entre os entes federados e a sociedade civil. A Proposta de Emenda Constitucional que institui o Sistema, a PEC 416/2005, também está em tramitação na Câmara dos Deputados.
No que diz respeito a financiamento, o Fundo Nacional da Cultura (FNC) será a principal fonte de recursos. O repasse para estados deverá ser feito, preferencialmente, para os fundos estaduais.
O texto aprovado nesta terça-feira na Câmara dos Deputados é resultado de um esforço da Comissão de Educação e Cultura e do Ministério da Cultura em ouvir a população. Ao longo de 2008, foram realizados 27 seminários nos estados e no Distrito Federal, com caráter de audiência pública, para aprimoramento do texto original do deputado Gilmar Machado (PT-MG). Participaram dos encontros mais de cinco mil pessoas.
Saiba mais sobre o Plano Nacional de Cultura: blogs.cultura.gov.br/pnc.
Leia, também, a seguinte notícia: Câmara aprova Plano Nacional de Cultura (Agência Câmara).

(Texto: Ismália Afonso, Ascom SPC/MinC)
(Fotos: Rafael de Oliveira Souza, Comunicação Social/MinC)
Publicado por Sheila Sterf/Comunicação Social
Categoria(s): Notícias do MinC, O dia-a-dia da Cultura
Tags: Aprovação na CCJC, Câmara dos Deputados, FNC, II CNC, Ministério da Cultura, PL 6835/2006, Plano Nacional de Cultura, políticas públicas, SNC

Concurso de Redação Camélia da Liberdade

O concurso de redação “Camélia da Liberdade 2010” será lançado no primeiro trimestre deste ano, dia 11 de março de 2010. O tema das redações será “João Cândido – O Marinheiro da Liberdade. 100 anos da Revolta da Chibata”. O lançamento do concurso será durante o seminário sobre a Lei nº 10.639/03 destinado a professores do Ensino Médio, estudantes da área de Educação e educadores do movimento social.

O Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) promove o concurso “Camélia da Liberdade” há cinco anos no estado do Rio de Janeiro e já está na sua terceira edição para o estado de São Paulo. Voltado para implementação da Lei 10.639/03 que propõe uma revisão de conceitos e valores éticos, sociais, culturais, históricos e de responsabilidade social tanto de professores, quanto de alunos e gestores na área. É direcionado aos alunos do Ensino Médio nas redes públicas e privadas e núcleos pré-vestibulares comunitários no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, nos âmbitos municipal, estadual e federal.

A organização atende diretamente um total de 750 escolas de ensino médio nos três estados, desenvolvendo o tema das relações raciais no contexto da lei. Todo material de estímulo e reflexão é elaborado e publicado pelo CEAP.

Em cada escola e núcleo pré-vestibular será feita a distribuição gratuita do material didático produzido pelo CEAP. As instituições participantes fazem uma seleção interna para escolha da redação que irá representá-la.

Para maiores informações:
http://www.portalceap.org/concurso-de-redacao-camelia-da-liberdade-edicao-2010.html

I Ciclo de Encontros da Revista África e Africanidades

Projeto Parabólica da Fundação Cultura Palmares

Prezados,
apresentamos e convidamos vocês à participação e divulgação do Projeto Parabólica da Fundação Cultura Palmares. No Rio de Janeiro o encontro acontecerá nos dias 5 e 6 de abril de 2010, com a presença do Presidente Zulu Araújo na abertura.
Será uma chance de conhecer as oportunidades de apoio para os projetos de Cultura Afro-brasileira.

As inscrições são online e já podem ser realizadas no site da palmares:
http://www.palmares.gov.br/106/10602002.jsp?btGravar=Sim

Em breve divulgaremos o local da realização.

Apresentação
O Projeto Parabólica tem por finalidade promover o diálogo direto entre o governo e os agentes sociais interessados no desenvolvimento de políticas públicas e projetos que promovam e disseminem a cultura afro-brasileira. Coordenado pelo Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP), da Fundação Cultural Palmares (FCP), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), o Parabólica visa buscar caminhos diretos e simplificados para viabilizar a ação interativa e dinâmica da cultura negra.
Com a criação deste projeto será possível construir uma metodologia participativa entre a FCP/MinC e os interlocutores civis, tornando viável a formulação e execução de políticas públicas de forma democrática. Inúmeras são as demandas que a FCP recebe para o desenvolvimento de parcerias, convênios, consultorias e/ou apoios diretos e o suporte a essas demandas pode ser dado de várias formas, não apenas financeiro.
O Parabólica acontecerá em dez capitais com o objetivo de orientar gestores e técnicos de instituições de cultura afro-brasileira, agentes culturais, políticos, artistas e produtores, a fim de garantir sua participação nas seleções por meio do poder público, assim como informá-los sobre formas e possibilidades existentes de financiamento da cultura. Para isso, será realizado um ciclo de palestras com orientações básicas a respeito da elaboração de trabalhos e captação de recursos.
Os estados foram selecionados a partir de uma pesquisa quantitativa de projetos recebidos pela Fundação nos últimos dois anos. Essas escolhas foram realizadas por meio de um mapeamento dos estados que mais apresentaram projetos ou buscaram informações junto à Fundação, incluindo os candidatos a editais e seleções públicas.
Por que Parabólica?
A Parabólica é uma antena refletora utilizada para a recepção de sinais de rádio e TV. Ela reflete o sinal que vem do espaço em todas as direções para o centro da antena, onde está o captador. Logo, o Projeto Parabólica terá de captar informações vindas de vários estados, trazendo-as ao centro da discussão na FCP.

terça-feira, 16 de março de 2010

I Festival Internacional de Cine-Rebelde

Convite
A Cooperativa de educação popular Movemente, tem o prazer de convidá-lo (a) para o I Festival Internacional de Cine-Rebelde que acontecerá entre os dias 19 e 26 de março no Rio de Janeiro, com exibições de filmes, oficinas e debates, franqueados ao público. Em busca de formas de rebeldia atuais, nos juntamos aos que ocupam a cidade, contrapondo-se a privatização dos espaços. O Cine-Rebelde questiona a segregação e aposta no encontro, realizando-se em locais de referência aos movimentos sociais e em salas do circuito alternativo de cinema. Consideramos o cinema como um dispositivo poderoso para contribuir nesse discussão. Como destaque, a estréia de dois filmes de jovens cineastas brasileiros. Veja a programação completa em: http://www.festivaldecinerebelde.blogspot.com . O Festival se insere também nas atividades do Fórum Social Urbano.

segunda-feira, 1 de março de 2010

2009: Um ano em estado de choque

Por JOÃO TANCREDO*

No último dia 05 de janeiro a chamada “Operação Choque de Ordem” completou um ano de sua implantação pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. O programa, carro-chefe da administração Eduardo Paes, traz em seu bojo a elitista bandeira de expurgo da desordem urbana, com um conjunto de medidas de maior severidade com o trânsito de veículos, remoção de moradias “irregulares”, repressão sistemática aos trabalhadores informais e remoção arbitrária de população de rua. O plano seria minuciosamente orquestrado pela logística de apartheid gestada pela recém-criada Secretaria de Ordem Pública, contando com a rápida duplicação da Guarda Municipal, agora ainda mais treinada para desferir choques.

Em relatório datado no dia 27 de dezembro, a Prefeitura divulgou o balanço dos “feitos” da dita operação durante seu ano inaugural. Os dados impressionam, são 743.559 multas e 25.570 veículos rebocados, durante as operações Choque de Ordem. Também durante o ano, a Secretaria demoliu 1.167 unidades construídas, entre elas, 60 prédios, 28 casas e 248 barracas de comércio informal. Com relação à apreensão de produtos piratas, houve um aumento de 546% no volume de material recolhido, em comparação com o ano de 2008. Ou seja, foram apreendidas mais de 357 mil mídias, enquanto que no ano passado as apreensões ficaram em torno de 65 mil mídias.

O esforço hercúleo da operação busca em última instância transfigurar a cidade, que historicamente convive com o mercado informal. A informalidade é parte da identidade da cidade, fruto de um Estado corrupto, elitista e ineficaz. Assistimos à ânsia de aprofundar o modelo que aposta na segregação social ao invés da inclusão, de incremento da política criminal repressiva ao invés de políticas públicas de cidadania, como saúde, educação, trabalho e moradia. É o total desprezo pela concepção de cidade democrática para a satisfação de interesses mercadológicos.

A vinda de grandes eventos de renome internacional como a Copa do Mundo e as Olimpíadas voltam a atenção do capital transnacional para o Rio de Janeiro. A empreitada frenética ambiciona maquiar a cidade para os olhos dos turistas, “jogar a sujeira para debaixo do tapete”. Expulsar os “sobrantes” da sociedade de consumo para os guetos mais distantes do centro e dos bairros nobres, entulhá-los nos presídios e unidades de internação de crianças e adolescentes (os verdadeiros projetos habitacionais para a pobreza na atualidade), e recolhe-los forçadamente nos abrigos precários. Longe de uma cidade para tod@s, a ordem é de impor uma cidade para poucos. Até quando ficaremos em estado de choque diante do florescimento do fascismo social na “Cidade Maravilhosa”?

*Presidente do Instituto de Defensores de Direitos Humanos

Fonte: Agência de Notícias das Favelas.
http://www.anf.org.br/2010/02/26/2009-um-ano-em-estado-de-choque

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